Gosto demais da Shakira desde sua primeira música lançada, Estoy Aqui. Recordo até hoje que liguei para a rádio pedindo que a tocassem e toda a preparação em casa com a fita cassete para gravá-la. Ouvia centenas de vezes seguidas...
Sábado, dia 19/03, fui assitir ao show dela no Morumbi, em São Paulo. Fiquei triste porque essa não foi uma das canções do repertório, mesmo com uma multidão gritando pedindo que ela a cantasse. Na verdade, poucas músicas dos seus dois primeiros álbuns, que eu sabia as letras de cor e salteado, foram tocadas. Sim, é fato que a Shakira continua dona daquela voz linda que me conquistou há muitos anos, mas a letra de Loca é rápida demais e não parece conter tanta poesia como era com Antologia, por exemplo. Quando eu a vejo com pouca roupa em clipes, mesmo que ainda não a considere plenamente vulgar ou que suas músicas novas sejam desprovidas de conteúdo (Tá, confesso que penso sim isso de algumas!), vem logo a minha cabeça: cadê aquela Shakira que eu gostava tanto?
Pensando sobre essas coisas todas e sobre minhas aulas de Estudos Culturais, tento fazer um paralelo. Temos visto em sala de aula que o ser humano antes era visto como um ser unificado e centrado, e depois passa a ser visto como alguém que possui uma essência mas cuja formação dependia do dialógo com o mundo e as identidades que ele oferece. Atualmente, no mundo pós-moderno, não se vê mais o ser humano de forma estável, e sim, um sujeito fragmentado, que possui não apenas uma, mas várias identidades, muitas vezes até contraditórias. Eis um outro sentido para a expressão ‘sem cárater’: sem uma única característica. O prof. Daniel ilustrou muito bem quando nos disse: “Por que muitas vezes conhecemos alguém que é super bonzinho no trabalho com os colegas e, em casa, apenas briga com a família?”
Talvez esteja aí uma simples explicação sobre o que penso da Shakira: sim, ela continua a mesma artista que sempre gostei. Apenas revelou uma de suas identidades, seja por questões de mercado ou por qualquer outra explicação. E é bacana refletir sobre isso tudo e ao final chegar à conclusão que: Gosto dela, como sempre gostei, mesmo que alguns aspectos goste menos, mas é a Shakira.
E para os que também não gostam muito das músicas mais agitadas, deem uma conferida na canção Gitana. O trecho que mais gosto diz: “Sigo siendo aprendiz en cada beso y con cada cicatriz. Algo pude entender: de tanto que tropiezo ya sé como caer”. Letra linda demais. E sim, de composição dela mesmo, Shakira Mebarak.