segunda-feira, 21 de março de 2011

Shakira e suas identidades


Gosto demais da Shakira desde sua primeira música lançada, Estoy Aqui. Recordo até hoje que liguei para a rádio pedindo que a tocassem e toda a preparação em casa com a fita cassete para gravá-la.  Ouvia centenas de vezes seguidas...

Sábado, dia 19/03, fui assitir ao show dela no Morumbi, em São Paulo. Fiquei triste porque essa não foi uma das canções do repertório, mesmo com uma multidão gritando pedindo que ela a cantasse. Na verdade, poucas músicas dos seus dois primeiros álbuns, que eu sabia as letras de cor e salteado, foram tocadas. Sim, é fato que a Shakira continua dona daquela voz linda que me conquistou há muitos anos, mas a letra de Loca é rápida demais e não parece conter tanta poesia como era com Antologia, por exemplo. Quando eu a vejo com pouca roupa em clipes, mesmo que ainda não a considere plenamente vulgar ou que suas músicas novas sejam desprovidas de conteúdo (Tá, confesso que penso sim isso de algumas!), vem logo a minha cabeça: cadê aquela Shakira que eu gostava tanto?
          Pensando sobre essas coisas todas e sobre minhas aulas de Estudos Culturais, tento fazer um paralelo. Temos visto em sala de aula que o ser humano antes era visto como um ser unificado e centrado,  e depois passa a ser visto como alguém que possui uma essência mas cuja formação dependia do dialógo com o mundo e as identidades que ele oferece. Atualmente, no mundo pós-moderno, não se vê mais o ser humano de forma estável, e sim, um sujeito fragmentado, que possui não apenas uma, mas várias identidades, muitas vezes até contraditórias. Eis um outro sentido para a expressão  ‘sem cárater’: sem uma única característica. O prof. Daniel ilustrou muito bem quando nos disse: “Por que muitas vezes conhecemos alguém que é super bonzinho no trabalho com os colegas e, em casa, apenas briga com a família?”
          Talvez esteja aí uma simples explicação sobre o que penso da Shakira: sim, ela continua a mesma artista que sempre gostei. Apenas revelou uma de suas identidades, seja por questões de mercado ou por qualquer outra explicação. E é bacana refletir sobre isso tudo e ao final chegar à conclusão que: Gosto dela, como sempre gostei, mesmo que alguns aspectos goste menos, mas é a Shakira.
          E para os que também não gostam muito das músicas mais agitadas, deem uma conferida na canção Gitana. O trecho que mais gosto diz: Sigo siendo aprendiz en cada beso y con cada cicatriz. Algo pude entender: de tanto que tropiezo ya sé como caer”. Letra linda demais. E sim, de composição dela mesmo, Shakira Mebarak.

4 comentários:

  1. Lembro que eu era muito pititika quando fazia um baita embromation ao cantar "Estoy Aqui", confesso ainda fazer, até porque nunca gostei de espanhol (assumo uma identidade de que sei cantar, mas não sei, sou atriz man!).Ela é dona de uma voz inconfundível e poxa vida...como requebra não é mesmo?! Mas Rê ela apenas revelou seu lado DEVASSA, assim como fez o Sandy & Junior hehehehe!!! Algo que de imediato vem à mente quando se fala de identidade fragmentada é a música 1º de julho. Eu conheci essa música na voz da saudosíssima Cássia Eller, porém é uma composição do Renato Russo!
    Trechinho dela...

    "Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
    Minha mãe e minha filha,
    Minha irmã, minha menina
    Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
    Sou Deus, tua Deusa, meu amor"

    Querendo ou não todo mundo é meio BOMBRIL...não mil e uma utilidades, mas sim, talvez, por que não, mil e uma identidades!
    Bjokas.

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  2. O Sandy&Junior... heehehhe

    Pois é Gabi, "1o. de julho" é perfeita mesmo. Renato Russo é um mestre e a interpretação da Cássia é única! Quando o Daiel comentar sobre identidades, vou fazer você cantá-la em sala! xD

    Super beijo, amore

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  3. Oie! Quando o Daniel falou do caso de ser bonzinho fora e difícil em casa, a carapuça me serviu. E explico (excepcionalmente, rsrs): é que sei que a família é muito mais próxima e mais envolvida em muito mais questões e por muito mais tempo em minha vida. E até por gostar muito, às vezes exijo mais (até certo ponto )em certos aspectos, porque acho que para exigir dos outros, temos que ser dignos antes, ou pelo menos tentar. E sobre os outros, eu não tenho que achar nada (tbm até certo ponto). Talvez até seja “impermeabilidade”, mas para mim, hoje, são razões que fazem sentido, por mais que não faça para outros (já ouvi muitas críticas)... Sobre a Shakira, só sei que ela tem uma voz que parece única. Não tenho o menor conhecimento de causa, mas quem sabe as pressões e/ou interesses a que ela pode estar submetida? Show business, gravadoras, etc., acho que pode muito bem ser o que vc pensou. Beijo

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  4. Também é uma questão muito peculiar ao mundo da música... O que acaba acontecendo é que as músicas tem que ser vendáveis... Músicas com conteúdo nem sempre são comercialmente interessantes.
    É uma pena, mas é o que acontece...
    Bjinhus amore

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